Jessie J fala sobre show no Rock in Rio para o G1
Jessie J não quer mais dançar sem ter vontade. A cantora britânica aproveitou boa parte da entrevista ao G1 para desabafar sobre “períodos difíceis” e “momentos ruins”. Ela passou por problemas de saúde mental e insatisfação profissional.
A volta ao Brasil neste mês para shows no Rock in Rio e em São Paulo, será em uma nova fase. Segundo ela, mais livre e feliz. No ano passado, dois acontecimentos mudaram os rumos da carreira:
- Jessie lançou seu quarto álbum, “R.O.S.E.”, menos pop dançante e mais voltado para o soul, com letras intimistas;
- Ela venceu o programa de calouros “Singer”, na China, disputando contra dez chineses, dois tawaineses e uma filipina.
Jessie relembra o show no festival em 2013 e fala sobre o repertório diferente dos anteriores da turnê atual, “com mais músicas antigas”.
Após o sucesso na TV chinesa, ela diz que toparia fazer parte de algo parecido no Brasil. “Adoraria participar do ‘The Voice’ ou talvez ser uma técnica convidada”.
G1 – Você cantou no Rock in Rio, no Brasil, há seis anos. Eu estava lá e foi bem divertido. Como foi a experiência para você?
Jessie J – É até difícil explicar o quão incrível foi aquela noite. Eu curti cada minuto. Os fãs que eu tenho no Brasil são tão… dedicados, apaixonados. E eu fiz uma promessa a eles de voltar ao Brasil o mais rápido possível. Acabou demorando mais tempo do que pensei, mas fiquei cobrando do meu empresário, dizendo “eu tenho que voltar, eu tenho que voltar”.
G1 – Lembro do Rock in Rio Lisboa, pude te ver lá, mas em um palco menor. No Rio, você cantou no palco maior e volta em um palco mais intimista, que talvez até tenha mais a ver a nova fase da sua carreira. Como é isso para você?
Jessie J – Eu não me importo com esse tipo de coisa. Eu só penso que estarei lá com minha banda, e me sentindo agradecida pela chance de estar de volta ao Brasil. O Rock in Rio é um dos meus festivais favoritos e o show no Rio é um dos meus favoritos de todos os tempos. Não será só mais um show para mim, nem sei explicar. Sabe quando você sonha com algo e você joga pro universo e diz: “Eu quero que isso aconteça”? Vai ser demais.
G1 – Como pretende misturar músicas novas e hits?
Jessie J – Eu terminei minha turnê mundial com uns 48, 49 shows. Foi meio difícil juntar músicas como “Bang, bang” e “Price tag” com outras como “Not my ex”. Eu só procuro saber quais músicas meus fãs querem ouvir. Será um show um pouco diferente dos da turnê, com mais músicas antigas. E eu estou empolgada, cara.
G1 – Falando da sua carreira agora: você foi a primeira popstar de fora da China a vencer um programa de calouros da TV chinesa. Por que aceitou esse desafio?
Jessie J – Hmmm… Por que adoro um desafio. E eu adoro evoluir, adoro aprender. Eu nunca na minha vida quero ficar encostada, pensando que já tenho o sucesso o suficiente para me arriscar. Eu fui convidada algumas vezes e de uma hora pra outra eu pensei: “Ok, vamos nessa”.
Eu queria me desafiar como performer e cantora. Queria ter a experiência de viver uma cultura diferente, porque em turnês você fica poucos dias e não tem tempo de viver o país que você está.Queria fazer o mesmo no Brasil, saber de tudo da cultura local. Eu amo aprender sobre a cultura de onde estou.
“Se eu não estivesse no programa, sequer saberiam que ele existia. Eu sinto que ajudei a diminuir a distância entre a China e os outros países. Até porque lá não tem Instagram, Twitter, gravadoras… É difícil abrir uma porta para que conheçam a música chinesa.”
G1 – Tendo gostado tanto, tenho que perguntar: você participaria de um programa parecido no Brasil como técnica ou caloura?
Jessie J – Depende da proposta. Eu amo o Brasil, mas claro que eu adoraria participar do “The Voice” ou talvez ser uma técnica convidada. Mas quem sabe, cara, o futuro é cheio de possibilidades, né?
G1 – Você já disse que costumava escrever e cantar mais músicas inspiradas em cantoras como Lauryn Hill e Whitney Houston, quando tinha 17 anos. E então passou para músicas mais radiofônicas, dançantes… E agora diz estar de volta aos sons da sua adolescência, cantando mais ‘músicas que gostaria realmente de ouvir’. Como foi esse caminho até aqui?
Jessie J – Eu sou uma pessoa que tenta viver o momento. Cada parte da minha vida me fez chegar até aqui. E eu me diverti, sabe? [Risos] Não é tão fácil estar nessa indústria, mas eu tenho um time excelente comigo. Eu tento todos os dias acordar com um sorriso no meu rosto.
“Eu tento cuidar do meu corpo e da minha mente. Claro que tem dias que gostaria de ter um emprego normal, de poder me dar ao luxo de ter um dia ruim e não ser uma pessoa pública. É difícil me dar um momento assim, porque não quero decepcionar as pessoas.”
Mas sou agradecida por poder viver da música e ter passado por períodos difíceis, mas tirando algo positivo disso. Não deixei que esses momentos ruins me dominassem. Hoje, eu me sinto mais livre para botar tudo o que sinto na minha música.
Eu estou em uma posição mais segura, mais feliz do que há uns anos. Você pode ouvir isso no meu álbum mais recente. Eu me sinto animada por fazer algo real. Às vezes, ainda tem como ser honesta, né? [Risos]
G1 – Legal ouvir isso. Mas voltando à parte irritante… Você ainda ouve piadas com ‘Price Tag’ [maior hit da carreira] citando os versos? Tem gente que disse que sua ida para a China foi apenas ‘about the money, money, money’ [refrão da música]?
Jessie J – Ah sim… Mas essa música eu escrevi com outro sentido. Quando eu disse que “não era só pelo dinheiro” foi no sentido de que queria continuar minha carreira sem me vender. Nada que tenha feito ou que escrevi foi falso, eu escrevo sempre direto do meu coração. E eu não vejo a hora de cantar “Price tag” no Rock in Rio.
G1 – Embora goste das suas músicas, como essa, a primeira vez que ouvi seu nome foi por você ser a compositora de ‘Party in the USA’ [cantada por Miley Cyrus]. Ela é tão boa e fez tanto sucesso… Você se arrependeu de ter dado para ela?
Jessie J – Não… As pessoas falam isso para mim agora, porque eu fiz sucesso como Jessie J. Mas quando eu dei a ela essa música ninguém sabia quem eu era. Ninguém conhecia minha música. Então, não tem como me arrepender de uma situação que não tem o mesmo sentido do de hoje.
Miley fez com que aquela música se tornasse um hit. Não seria um hit sem ela. E eu serei agradecida pra sempre por ela ter me ajudado a conseguir uma chance na música, por meio desse sucesso.
G1 – Você já foi jurada e concorrente em programas de calouros. Como é cada função?
Jessie J – A experiência é diferente, mas gosto dos dois tipos de conhecimentos. Quando eu era técnica, tentava ser a melhor que poderia ser.
É importante para mim sempre ter certeza de que estou ajudando a desenvolver o talento daquelas crianças [do “The Voice Kids” britânico]. Eu tenho que manter a razão, a técnica, a emoção… Não é uma questão ali de fama, de ego… Não é isso que eu quero para mim.
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